Pular para o conteúdo principal

DISFARCE


Me arrasto dos pontais da lua
Ao fio dos meus pensamentos
E estrelas que ainda não vejo
Riscam o céu que me ausento,

É dessa imprecisão que aflora
E além dos arcanos se esconde
O motivo do silêncio das horas
Um lugar que não se sabe onde,                                                                                                   
O barco vai quando amanheço
Regressa no levante de nascer
Além da trilha de encontrar-se,

Adensa o cristalino, e o avesso
No fragmento que contém o ser
E jamais revela do seu disfarce.

Comentários

  1. Por mais que sem métrica - nem heroico nem sáfico -, seu soneto traz um ritmo livre, marcado pela imprecisão e, por isso, desconcertante. Acho belo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fico feliz que tenha gostado, o formato me atrai pelo poder de síntese, o ritmo e a métrica são intuitivos! Grato!

      Excluir

Postar um comentário

Comente os textos, suas críticas são bem-vindas e sugestões também. Obrigado!

Postagens mais visitadas deste blog

CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.