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ALEGORIA


há muitos dias espero
sem saber o que esperar
vejo o deserto e sonho
um supor-se à distância

o pouco que alcanço
destilo de certezas a fugir
das horas que fisguei
ainda as sem relevância;

retorno certo não sei
somente vãs promissões
aglutino experimentos
as causas e a existência

sentimentos foscos
uns parcos nacos de sol
janelas que se abrem
à luz e sua premência;

grito e não ouço eco
há gelo e fogo em volta
foram-se os tempos
tudo que me pertencia

das asas do realejo
dos oráculos de pedras
das letras em carvão
buracos na sala vazia;

caminho livre agora
e resiste pouco de mim
a decompor o existir
e toda sua incoerência

nada distingo afinal
se abrevio parte ou todo
mas um raio do ignoto
determina a essência. 

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CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.