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SALTIMBANCO




Já fui o saltimbanco ligeiro
Disfarçado em alegria,
Nas praças exibi o espetáculo,
Ao meu lado andava a magia
Da ilustrada loucura
E dos pantáculos;

Um dia quebrei as asas
No salto escuro do trapézio,
Entre o infinito e a dor
Vivo agora sem rumo,
Não sou herói nem bandido
Pirata ou domador;

Piso as rimas
Submersas pelo espaço,
Viajo léguas sem compromisso
Até as fragas do sonho,
Não sei o que quero com isso
Porém, disso me refaço.

§§

E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.

Miguel Torga

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STANDBY

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.