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FRAGMENTADO

o corpo fragmenta-se poeira
letal como a faca que apara
vindima, sangue, e delírios,

o corpo se parte e desfibra
tessitura de átomos em voar
num transpassar de artérias,

o corpo incorpora a voragem
em conjuras, e em alquimias
brasas na chama que hiberna,
Torso de Belvedere

o corpo se retrai, e lateja
deglute rios e bebe espaços
em estações de gerar a flor,

o corpo é de trilha incerta
no desenho da irregularidade
tangenciando a pele do caos

o corpo se regira e inverte
dispõe elipses, quadraturas
na geometria do indecifrável,

o corpo se nega à fronteira
e aos somatórios do infinito
que ao sem medida reivindica,

o corpo prepara sua casca
a forma que ao todo reúne
o contínuo sopro da criação,

o corpo desintegra certezas
para abrir as portas da asa
em que se conectam os sonhos…



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