vezes sem conta
me lancei à fogueira
e revivi entre logros
arbítrios e promessas
parte do que sou, arder
em meio às chamas,
vezes sem conta
fui crer no possível
agarrado ainda à ideia
de um apego insone
de olhos fixos num céu
desfeito em cinzas,
me dei a expor no museu
de retalhos e despojos
pérolas colhidas em vão
de sonhos tornados pó
nas areias do deserto,
vezes sem conta
vezes sem conta
fui a voz do silêncio
a bradar pelos confins
e deixei pegadas, suor
nesse incansável seguir
a insistente espera,
vezes sem conta
ouvi a voz do vazio
a me mandar calar preces
que não ousava dizer
sem ferir o solo sagrado
com a ânsia do desejo,
vezes sem conta
me entranhei do mar
e no pleno do submerso
envolto à correnteza
nada há que me separe
disso que em mim foge.
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