Pular para o conteúdo principal

A CAIXA

O poeta tirou da caixa 
Guardada entre palavras
Uma parte das estórias 
Das que sabia contar

Com uma fez mar e céu
O sol a brilhar, enquanto
Trazia montes, oceanos
E cores ao dia branco

De outra extraiu a luz
Da estrela que incendeia
E acendeu pelas noites
Uma copiosa lua cheia

Das coisas esquecidas
Inventou os brinquedos
Que ganham vida no ar
E escondem segredos

Criou magias diversas
Outros passos de dança
Pássaros azuis, e um jeito
De ainda ser criança

Fez o paraíso na terra
O sopro da eternidade
Compôs almas aos pares
A estação da saudade

Depois de tudo contar
De si mesmo deu-se tudo,
Restam-lhe as lonjuras
De silêncios absurdos...

Comentários

Postar um comentário

Comente os textos, suas críticas são bem-vindas e sugestões também. Obrigado!

Postagens mais visitadas deste blog

CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

LÂMINA

As Duas Fridas (1939) - Frida Kahlo Cada dor está em seu lugar Nem divido a ordem do tempo O viajante está em seu lugar Também o dia, o pensamento O vigia que planta a aurora Aqueles em fuga na ventania A mulher, a janela, o espasmo Do verdugo em sua litania Tudo no lugar que lhe cabe Borboleta partida, poeta ferido Não rebato dúvida, causa do ser Nem a porta que já não abre As garras retorcidas do talvez Cascas fendidas, tentações Esses sonhos que furtam a lua No espesso leito das visões Cada dor tem o seu lugar Seja mar, colina, céu nublado Os loucos em redes de pesca Bêbados por todos os lados   Os castos a despir-se o amor Corruptos a revolver o cinismo E o destino tem o seu lugar  A lâmina nos olhos do abismo...

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna