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A LUZ QUE FALTA

Tomei um ônibus diferente do costumeiro, mesmo sem conhecer o percurso. Quis dar uma volta por um lado da cidade que ainda não tinha visto. Fim de expediente, trânsito mais ou menos fluido, pessoas a voltar para casa, outros preparados para cumprir o trabalho noturno.

Como sempre não consigo evitar que o pensamento viaje, às vezes a compor histórias num exercício de imaginar possibilidades, seja num país distante, ou num lugar desconhecido; outras vezes, apenas a me propor uma observação ou outra a respeito do fato de existir...

É notório que essa parte da cidade é mais iluminada, as praças têm um tratamento especial de luzes natalinas, lojas de grife estão bem decoradas, o nível é sofisticado e com propósitos claros de encantar as pessoas que podem gastar mais.

A beleza e encantamento deviam ser o direito de todos; contudo, para as mentes que pensam em cifras, há de existir diferenças, embora o discurso fale de igualdade, e a falácia seja o propagado “amor fraterno”. É o simulacro ao qual estamos todos coniventes.

Vi as luzes todas, satisfiz a curiosidade sem me envolver no clima, é uma época de melancolia que se insinua no olhar, como se faltasse algo de genuíno a trazer verdade para esse cenário tão bem iluminado... Talvez falte a luz que faça brilhar o coração.

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