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SEM PALAVRAS

me ocorre o gesto inacabado
de olhares se indo na distância
como a onda sugada na areia
quando rebenta a fúria na praia;

e mãos que se deixam tocar
mais uma vez, antes de se irem
ambas, por caminhos opostos
num diapasão de desencontros;

isso que se põe sob o oculto
do que é sombra sob as ruínas
de poucas garantias, e medos
e tudo que se despe no espelho;

me ocorre mil noites sem fim
e os dias que não se completam
lugares que não se chega a ir
entre estradas que se bifurcam;

umas canções a esse respeito
maldizem esse silêncio disperso
enquanto a lua em sua vigília
inventa a esperança dos loucos;

todo o mar a perder de vista
como se o tempo nem existisse
voa nos sonhos que esqueço
e surge a poesia, sem palavras...

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