Pular para o conteúdo principal

EM TRANSE

No espaço improvável
entre os dedos e o teclado
a viagem recomeça,
de um questionável universo
gotejam estrelas sem nome;

Medito as sábias palavras
do Mestre Zen, esqueço-me
quem sou, o que seria,
o que se tem por certo
é alínea do imprevisto;

Tentei crer em promessas
com algumas lutei, não venci
chove a estação do adverso
entre retratos banidos
e memórias sem perfume;

Ciganas em transe de luz
evocam os seus vaticínios  
sereias ofuscam a lucidez
com seu canto obscuro,
no mar, a escuridão dorme;
                                                                                                                     
Ainda há lugar no paraíso
ao bem-aventurado desvario
desnudar o caos humano,
as regras de bem viver,
enquanto surgem galáxias;

Vejo um espaço em branco
ruas estreitas, sem chão
sigo entre olhos atentos,
uma vez ou outra, suspiros...
e o mundo explode sem voz;

Sete dias na semana, o vazio
um mês inteiro, uma vida
festas marcadas no calendário,
perguntas esticadas ao sol
na pele rugosa do desejo;

Volto a girar a realidade
a moça caminha sem pressa
o cão ladra dias esquivos,
no casulo, algo de ser livre
eclode para além da borboleta...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...

DIVAGAÇÃO

sob o juízo do provável toda vida seria triste desse caráter da tristeza que a tudo impõe o vinco e fere o que há de leve, mas não me fio apenas nesse lado do controverso pedregoso e duro caminho que é o de manter-se vivo com um mínimo de sentido, nem também me privo da experiência de ousar para além das imposições a liberdade que se busca contraditória, ou não, não precisamos contar seja da vida, ou do ser qualquer coisa ordinária que não nos seja vivida de experiência própria, cada um de nós carrega por imposição, e destino porções fartas dessa dor mas também uma teimosia de enfrentar o que vêm, tristes por condição sonhadores por pretexto guiados pelo imprevisto damos ao norte inevitável o que nos é determinado, então, se a lua submerge as montanhas envelhecem ou nuvens se transfiguram o sem fim mostra o caminho pelos desvios da poesia…