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MUDEZ

não disse palavra
mas havia tantas
presumidas vítreas
vadias e tortuosas,

não disse palavra
nem rio e nem flor
nem mar ondeado
nem asa de colibri,

nem brasa de gelo
nem frio de chama
nem forja nem liga
aço sequer nem dor,

nem gosto ou sol
nem a tempestade
ou, do albor tardio
o tudo recomeçar,

não disse palavra
que ainda dormem
desde o não sentido
de tudo submergir...

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

LÂMINA

As Duas Fridas (1939) - Frida Kahlo Cada dor está em seu lugar Nem divido a ordem do tempo O viajante está em seu lugar Também o dia, o pensamento O vigia que planta a aurora Aqueles em fuga na ventania A mulher, a janela, o espasmo Do verdugo em sua litania Tudo no lugar que lhe cabe Borboleta partida, poeta ferido Não rebato dúvida, causa do ser Nem a porta que já não abre As garras retorcidas do talvez Cascas fendidas, tentações Esses sonhos que furtam a lua No espesso leito das visões Cada dor tem o seu lugar Seja mar, colina, céu nublado Os loucos em redes de pesca Bêbados por todos os lados   Os castos a despir-se o amor Corruptos a revolver o cinismo E o destino tem o seu lugar  A lâmina nos olhos do abismo...