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RÉQUIEM

o poeta morreu na praça
sua casa sem arcabouço
seu lar liberto de pactos,

depois de morto – sorriu
espreguiçou sua limpidez
para além da indiferença,

depôs os acordes da  lira
em um silêncio só audível
aos tecedores da aurora,

ergueu as asas cansadas
para além do olhar vazio
daqueles que não o viam,

e incerto, como um poeta
foi ao encontro do depois
sem a dor de quem nasce,

ainda procuram no banco
talvez num último poema
o que sua falta diz de tudo.

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fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

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