A paisagem cinzenta, de uma manhã na cidade, é bem mais cinza que a ausência de qualquer cor, embora as cores se rebelassem aqui e ali em grafites pintados em pontos estratégicos. Gritos de silêncios em cores berrantes ou suaves, palavras cifradas, estrofes arrancadas de poemas roubados, imagens sem dono a impacientar a passividade do rebanho. Jota Gris sai voando pela janela, não veste o uniforme oficial de super-herói, talvez por não acreditar que seja um. Ao menos teve a decência de manter o mínimo para o decoro, mas a cueca rasgada não disfarçava a barriga, resultado de alguns dias, talvez semanas, vendo TV e comendo batatas fritas. Admitia ter perdido o rumo, a ética, o dever cumprido... Mas agora estava a voar, e observava aquela cidade caótica de outro ponto de vista; sem heroísmos, sem querer proteger ninguém, no seu momento. Tinha que buscar um tempo para se entender consigo mesmo, queria saber os porquês disso e daquilo, essas questões existenciais que recheiam o ...
de palavras, universos e inconclusões...