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Mostrando postagens de agosto, 2013

COR

Joan Miró - (1893 - 1983) o azul se refaz em tantos ciano, ultramar, marinho qual cor vestirá o branco das nuvens pelo caminho? os rubros se multiplicam vermelho, ruivo, carmim e restaura-se a alvorada numa claridade sem fim; amarelos, círios, trigais a luz corusca de um jeito... o sol a dourar os montes exibe seu traço perfeito; quero olhar desde o tom de quando aparece a lua, ao arco-íris pintar o céu no rosto cinzento da rua. "Yo pinto como si fuera andando por la calle.  Recojo una perla o un mendrugo de pan;  es eso lo que doy, lo que recojo." Joan Miró

TEIA

Jean-Michel Basquiat - Auto-Retrato enlaçado pelos fios dos ventos o louco passeia outros mundos, não se dá conta de leis, artigos os vícios e mistérios profundos; o que sabe é pintar nos murais rebeldia em noites de lua cheia, e observar com muita precisão a dança da aranha em sua teia; também ele se sabe observado preso a cordas que não alcança, mas o que quer é tão-só existir         seguir esquecido em sua dança;         vale mais o abismo que as asas a fantasia rota que o brinquedo? o que vale mais que a liberdade das prisões tecidas em segredo? Jean-Michel Basquiat - Glenn INVISIBLE PRISONS ensnared by the wires of the winds the crazy guy spreads a conspiracy, he is not aware of any law, prisons this severity of the deep mysteries; what he knows is to paint the walls rebel who awakes in full moon nights, and he observes with very accuratel...

VISÕES

Tomie Ohtake Colheram umas flores oblíquas Depois partiram sem prevenir, As chuvas que vieram, caíram, E os ventos continuaram a ir... Quanto pude detive o tempo Na boca de ocos desfiladeiros, Asas de aguaceiros que tenho Tingiram de estrelas os tinteiros; Pediram estórias e cadências Depois seguiram em revoada, Sem ler a estação ou largura Dos mistérios signos, e nadas... Quanto pude concebi marés Fui aventurar outras dimensões, Olhares de abismos que tenho Ressurgem por entre as visões.

LÂMINA

As Duas Fridas (1939) - Frida Kahlo Cada dor está em seu lugar Nem divido a ordem do tempo O viajante está em seu lugar Também o dia, o pensamento O vigia que planta a aurora Aqueles em fuga na ventania A mulher, a janela, o espasmo Do verdugo em sua litania Tudo no lugar que lhe cabe Borboleta partida, poeta ferido Não rebato dúvida, causa do ser Nem a porta que já não abre As garras retorcidas do talvez Cascas fendidas, tentações Esses sonhos que furtam a lua No espesso leito das visões Cada dor tem o seu lugar Seja mar, colina, céu nublado Os loucos em redes de pesca Bêbados por todos os lados   Os castos a despir-se o amor Corruptos a revolver o cinismo E o destino tem o seu lugar  A lâmina nos olhos do abismo...

EVA

os olhos falam sem dizer o silêncio grita sem falar, os mundos se dispersam a luz envolve as trevas, Marina Abramovic lua sanguínea ou névoa o universo se recompõe, e a vida encontra pouso no ventre ditoso de Eva;          descobrir-se o seu olhar é ver o mistério da vida, a lágrima cai no abismo nasce a estrela primeva, a carne, o sangue, a dor a gestação das esperas, Artist and performer todo caos se apascenta no ventre casto de Eva; devia guardar do sonho     da água, da chuva, o rio             e as aves livres da noite e do tempo que me leva, do deserto, da verdade de toda a vida humana, para renascer outra vez do ventre fértil de Eva. 

GIRASSÓIS

Girassóis - Van Gogh               Os girassóis no cartão postal        quase a saltar fora do papel me fazem recordar o artista, Um tom de ocre e terracota uma vila em que não estive e girassóis a perder de vista; Há alguma coisa de mistério em tudo quanto permanece como a invadir vida adentro, E escapa como um sussurro tempo que não se restaura como folha levada ao vento; Mil tons de amarelo a girar das cores se fazem mundos tantos que bem reconheço, E a vida refeita, perceptível, segue ao ritmo da trajetória      dos girassóis que anoiteço...